As visitas de Estado são feitas por um chefe de Estado a outro país a convite do seu homólogo. Recebido o convite, é necessário coordenar as agendas complicadas dos dois chefes de Estado e pôr em marcha uma logística ao mais alto nível. Duram normalmente 2 ou 3 dias mas podem ter uma maior ou menor duração.
São o patamar cimeiro de complexidade, exigência e execução protocolar em matéria de organização de deslocações oficiais dos chefes de Estado ao exterior. Todas as outras deslocações oficiais de altas entidades portuguesas ao exterior são designadas por visitas oficiais. O Presidente da República também efectua visitas oficiais, visitas de trabalho e deslocações ao exterior, designações que são igualmente partilhadas por outras altas entidades do Estado
Tradicionalmente o modelo de uma visita de Estado em Portugal incluía sempre os seguintes momentos: chegada ao aeroporto de Lisboa, honras militares, deposição de flores no túmulo de Camões nos Jerónimos, visita ao palácio de Belém, troca de condecorações e assinatura do livro de honra, banquete no Palácio da Ajuda, visita à Assembleia da República, visita à residência do Primeiro-ministro, visita à Câmara Municipal de Lisboa, visita a museu ou instituição, recepção oferecida pelo chefe de Estado visitante e visita a uma segunda cidade
Este modelo foi sofrendo algumas alterações mas, em regra, as visitas de Estado começavam sempre em Lisboa. O actual presidente da República alterou este cerimonial descentralizando-o, pela primeira vez para a visita de Estado dos Reis de Espanha a Portugal, que começou no Porto, e agora para a visita do presidente da República Helénica.
Esta visita de Estado teve início no dia 30 de Janeiro, em Coimbra, onde o Presidente grego foi recebido com honras militares prestadas pela Unidade de Segurança e Honras de Estado da GNR
A visita começou com o o Presidente grego a depor uma coroa de flores no túmulo do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques, na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz, tendo o casal presidencial seguido depois, com escolta de honra de cavalaria da GNR, até ao Pátio das Escolas, onde foram recebidos pelo Presidente da República portuguesa. A Via Latina da Universidade de Coimbra serviu pela primeira vez de palco a este tipo de cerimónias de Estado. Seguiram-se as honras militares, com a execução dos dois Hinos Nacionais, salva de 21 tiros, revista e desfile da Guarda de Honra.
Acompanhados pelo Presidente da República portuguesa, o Presidente grego e Senhora dirigiram-se depois à capela de S. Miguel, onde foram recebidos pelo Reitor da Universidade de Coimbra, Prof. João Gabriel Silva.
Após uma breve visita aos espaços nobres da Universidade de Coimbra, foram apresentadas as respectivas delegações na sala de Armas. Seguiu-se, na sala do Senado, uma reunião a sós entre os dois Chefes de Estado que foi depois alargada às respectivas delegações. No final da visita à mais antiga Universidade de Portugal, os dois Presidentes prestaram declarações aos jornalistas, numa conferência de imprensa que decorreu na magnífica Biblioteca Joanina.
Decorreu depois, no convento de S. Francisco, um almoço em honra do Presidente da República Helénica e Senhora, oferecido pelo Presidente da Câmara Municipal de Coimbra.
A tarde foi preenchida com a cerimónia de doutoramento Honoris Causa do Presidente grego em que o Presidente português exibia sobre as vestes académicas a banda da ordem honorífica que lhe fora concedida pelo Presidente grego.
À noite o Presidente da República ofereceu um jantar, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, em honra do Chefe de Estado da República Helénica.
No dia 31 de Janeiro o Presidente Prokopios Pavlopoulos foi recebido em Sessão Solene nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, tendo recebido a chave da Cidade.
Seguiu depois para a Assembleia da República onde foi recebido pelo Presidente da Assembleia da República, Dr. Eduardo Ferro Rodrigues. O programa do segundo dia incluiu ainda uma reunião com o Primeiro-ministro, Dr. António Costa, no Palácio das Necessidades, uma visita à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e à Fundação Champalimaud.
Isabel Amaral
Presidente da APorEP – Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo
Lisboa, 18 de Janeiro de 2017
Foto: Site da Presidência da República